Noise Canceling

Comprei um daqueles noise canceling earphones, que anulam o barulho externo e, se conectados ao Ipod, dão uma puta qualidade no som.  Estreei nessa viagem, e devo dizer que é meio esquisito ficar com aquele treco ligado sem som nenhum.  Parece que tem alguma coisa entrando no seu cérebro... Mas vc acaba se acostumando e, de fato, a música fica bem melhor.  Era o que estava fazendo, meio sonolento, hoje pela manhã ao voar de volta pra casa.  Fico fudido quando nego oversell os assentos e só na hora do embarque é que vc escolhe onde vai sentar. Quer dizer, escolhe o caralho.  A mina do embarque é que faz um random nos assentos e vai distribuindo pra cada um.  Como esses Bombardiers que eu vôo aqui são pequenos, só tem um banheiro, na parte de trás do avião.  Lógico que eu “ganhei” o assento do corredor bem em frente à porta to banheiro. Óbvio.  Pra melhorar, sentou do meu lado um indiano de meia idade, até bem “groomed”, mas com um bafo de dar enjôo. Caralho.  Olha que eu ficava o tempo inteiro olhando pro outro lado, mas mesmo assim os gases tóxicos encontravam um caminho até as minhas pobres narinas... Então a situação foi a seguinte: de um lado um indiano bafudo, do outro o banheiro.  Bom, até o vôo alcançar a altitude de cruzeiro até que deu pra levar numa boa.  Tava com os meus noise canceling phones ligados, um Mason Jennings rolando no fundo, olhos fechados e quase dormindo.  Ocorre que de repente o piloto liberou o aviso de apertar os cintos, o que significa – óbvio – que todo mundo tem que ir no banheiro.  Até entendo a necessidade de algumas pessoas em se aliviar constantemente, até por razões médicas.  Mas, cacete, tem nego que não tem noção!  Eu às vezes fico 10 horas no avião sem ter que dar uma mijada. Se considerarmos que se tratava de um vôo de 1 hora e meia num avião com um banheiro minúsculo (e olha que sou baixo e magro), acho que dá pra esperar um pouco.  O avião pousa e vc corre até o banheiro do terminal, mais limpo e confortável.... Mas o quê!?  Fila indiana!!! E eu lá olhando todo mundo entrar e sair.  Olhava pro outro lado e tava lá o indiano com aquele bafo nojento.  Meu último recurso foi apontar meu nariz pro teto do avião, tentando pegar uma corrente de ar num nível acima.  De óculos escuros dava quase pra dar a impressão de que eu estava dormindo... Mas aí me vem uma elefanta suada, praticamente lambendo os ombros e cotovelos de todos os passageiros sentados no corredor do avião com seus “pneus” (de trator, é de se dizer) e,  com alguma dificuldade, entra no banheiro e fecha a porta.  Devo dizer, neste momento da narrativa, que meus noise canceling phones cancelam, segundo o fabricante, 87% dos decibéis externos.  E, mesmo assim, a “obra” da maldita ressoou em meus ouvidos. Fico pensando como deve ter sido pra quem não usava o mesmo aparato auditivo que eu... Needless to say, quando ela saiu do banheiro eu quase desmaiei com a maré que veio com ela.  Minha vingança é que o indiano também sentiu. Olhou pra mim como quem diz “caralho!”, e eu apenas assenti com um ligero movimento de cabeça. Mal sabia ele...

 

Que vôo desgraçado. Ops! Retiro o que disse. Todo vôo que pousa em segurança é um bom vôo, não é mesmo?  E me lembrei disso quando o avião tocou o solo.  Devo dizer que foi o pior pouso que já vi.  O cara deu uma puta pancada no solo com o avião que doeu até a espinha.  Me lembrei de uma frase que meu pai me disse uma vez, que não lembro de onde ele tirou, em que “toda aterrisagem é, na verdade, uma queda controlada”. Fato.  Hoje o controle não foi lá dos melhores. Tanto que o aeromoço ainda mandou um “Ladies and Gentlemen, the crew of Alaska Airlines would like to SLAM you to Oakland International Airport”… Cacete, foi isso mesmo.

 

Mas ainda bem que o Croppo e a Cris me pegaram no aeroporto. Dá sempre um puta sentimento bom ver uma cara amiga depois e antes de voar. Eu sou um puta forgado.  Fico pedindo pro Croppo me levar no aeroporto toda hora que vou pra algum lugar. Eu sei, é ridículo, mas eu não consigo evitar. Não gosto de táxi, é muito impessoal. Sei lá.  O foda é que até a Cris paga o pato quando o Croppo não está por aqui... Ela me levou pro SFO quando fui pra Banânia em Julho.  Tenho que parar com isso....

 

Fizemos uma truta na churrasqueira aqui e ficou muito boa.  Até a Gisela resolveu aparecer, depois de um ano!!! 


Putz, é bom estar em casa...

 

Deixa eu ir lá lavar roupa....


Comments

  1. Adorei sua singela descrição sobre o vôo. Eu, neste momento, estou sentadinha na sala de embarque em Brasília, aguardando meu voo para Belém, de onde irei, de balsa, até Barcarena.
    Por lá, já fui informada, a temperatura está em 35C, com umidade relativa em 85%. Deve ser uma delícia....
    Espero não ser surpreendida por companhias tão desagradáveis - embora não possa esperar por Brad Pitts ou Gianechinis em vôos para nosso Norte brasileiro.

    ReplyDelete

Post a Comment

Popular posts from this blog

Desiderata