O anti-americanismo e a síndrome de vira-lata

Me envergonha, sinceramente, a reação dos governos emergentes - do Brasil principalmente - à toda destruição ocorrida no Haiti.

Estão todos putinhos pq os EUA estão liderando os esforços de ajuda humanitária à população do país devastado. O Brasil, no melhor estilo de seu lider bananeiro, está incomodado por não ser consultado em todas as ações de ajuda e coordenação.

Ridículo. Triste. Sinal inapelável e inconteste de síndrome de vira-lata. Ora, briguinha pela liderança quando está todo mundo sofrendo e morrendo no país?

Aos números.

O Brasil comprometeu 10 milhões ao Haiti. China, 1. Canadá, 5. Austrália, 5. EUA, 100 milhões. Fora a doação oficial, de 100 milhões, a American Red Cross já conseguiu arrecadar mais 210 milhões. Sabe o que é isso? Isso é o povo americano doando pelo telefone e internet. Sim, os americanos, esse povo desprezível e mesquinho, que quer conquistar e dominar todo mundo.... Lembrem-se, o nível de desemprego aqui está na casa dos 10%, o mais alto em 60 anos...

Sem falar que o Brasil é líder da missão da ONU no Haiti há quantos, 6 anos? O que fez nesse tempo todo? Construiu escolas, tribunais, hospitais, aeroportos, etc.? Não, claro que não. Isso é coisa de americano imperialista maldito, né???? Nem pra construir pistas de pouso militares, centro de comando de tráfego aéreo, etc... Nada! Está lá agindo como polícia.

Sem criticar os militares brasileiros - acho que fazem até demais -, é óbvio que o problema é do nosso governo, que quer ter a liderança sem comprometer todos os esforços e recursos necessários para tanto.

Ora, em uma semana os americanos mandaram pra lá 2 batalhões (já são maiores do que a ONU...), um porta aviões com hospital, não sei quantos helicópteros, fragatas da guarda costeira, etc. Fora os médicos, engenheiros, bombeiros, equipe de resgates, etc. NYFD tá lá...

Artigo do Clóvis Rossi na folha (ele geralmente só fala merda, mas nessa acerto em cima):

O Brasil mudou de complexo. Antes, abrigava n’alma o de vira-lata, segundo Nelson Rodrigues, o notável escafandrista da alma brasileira. Agora, na crise haitiana, mostra complexo de rottweiler.
Pena que não tenha dentes. Refiro-me à ciumeira de autoridades brasileiras em relação a rápida e decidida ação do governo norte-americano. O ministro da Defesa, Nelson Jobim, reage com pura masturbação diplomática, ao dizer que se trata de “assistencialismo unilateral”.
Qualquer pessoa que não tenha perdido o senso comum sabe que os haitianos não estão preocupados com a cor do assistencialismo, se unilateral, bilateral, multilateral. Querem que funcione.
No aeroporto da capital, está funcionando, conforme relato desta Folha: “Depois que os americanos assumiram o aeroporto, os voos aumentaram e também o envio de medicamentos e alimentos”.
É claro que precisa haver coordenação, como cobra o chanceler Celso Amorim, mas é bobagem resmungar sobre os Estados Unidos assumirem um papel mais relevante que o das forças da ONU. É brigar com os fatos da vida. Os EUA podem mais que qualquer outro país, o que é escandalosamente óbvio.
Ajuda-memória aos resmungões, extraída do texto de Sérgio Dávila: os EUA enviaram vários navios da Guarda Costeira com helicópteros, o porta-aviões Carl Vinson, com 19 helicópteros, 51 leitos hospitalares, três centros cirúrgicos e capacidade de tornar potáveis centenas de milhares de litros de água por dia.
Nos próximos dias, chegam mais dois navios com helicópteros e uma força-anfíbia com 2.200 fuzileiros e um navio-hospital.
O Brasil tem condições de chegar a um décimo disso? Não. Então que pare de rosnar e reforce o seu pessoal no Haiti, que fez e está fazendo notável trabalho, dentro de seus limites bem mais modestos.

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